Reflorestamento de Eucalipto
O reflorestamento de eucalipto é uma das escolhas dos produtores. A madeira dessa árvore é usada em larga escala na indústria de celulose, na produção de carvão vegetal, energia e também de painéis de madeira industrializada. O fato da árvore ser de cultivo fácil, também é um atrativo. Mas quais as vantagens e desvantagens desse tipo de reflorestamento?
A Origem do Eucalipto
De acordo com a EMBRAPA, o gênero Eucalyptus tem a sua origem na Austrália, Tasmânia e outras ilhas da Oceania. Existem cerca de 730 espécies reconhecidas botanicamente. Porém, atualmente não mais que vinte delas são utilizadas com fins comerciais em todo o mundo.
Não há uma data certa de quando eucalipto chegou no Brasil. Existem relatos que os primeiros exemplares foram plantados nas áreas pertencentes ao Jardim Botânico e Museu Nacional do Rio de Janeiro, nos anos de 1825 e 1868.
A EMBRAPA também afirma que os primeiros estudos com o eucalipto no Brasil só foram iniciados em 1904, por Edmundo Navarro de Andrade, no Horto Florestal de Rio Claro-SP, pertencente à Companhia Paulista de Estradas de Ferro. O crescimento da área de plantios florestais produtivos no país foi marcante a partir da promulgação da Lei de Incentivos Fiscais ao Reflorestamento, ocorrida em 1966.
A Popularidade do Reflorestamento de Eucalipto
Segundo dados do anuário estatístico de 2014 da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (Abraf), as áreas de plantios florestais com eucalipto no Brasil estão distribuídas em todo território nacional. A região Sudeste apresenta maior quantidade de áreas plantadas (54,2%), seguida pelas regiões Nordeste (16,4%), Centro-Oeste (12,2%), Sul (11,8%) e Norte (5,5%) (ABRAF, 2014).
Além dessa madeira ser usada para diversas demandas do mercado, essa popularidade pelo reflorestamento de eucalipto também acontece devido ao fato de “não ter tantas exigências como outras culturas. Na teoria, ele se desenvolve em qualquer tipo de solo, qualquer tipo de condição climática”, esclarece a engenheira agrônoma Elisia Galvão em entrevista à Revista Agropecuária.
A agrônoma também ressalta que a árvore tem crescimento precoce. O reflorestamento de eucalipto é um dos favoritos dos produtores, pois o eucalipto de semente tem uma poda inicial de 10 a 12 anos, sendo que para obter uma madeira mais densa entre 20 a 24 anos. Já o corte para o eucalipto clonado pode variar entre 5 a 7 anos.
A vantagem ambiental é um fator inerente ao reflorestamento com o uso de eucalipto.
De acordo P. C. Campos, em sua dissertação de Mestrado em Planejamento Energético na UFRJ, florestas em crescimento podem auxiliar na redução do efeito estufa já que absorvem o gás carbônico quando intensificam a fotossíntese. Este processo é denominado comumente como “sequestro de carbono” e a floresta de eucalipto ajuda neste ciclo.
No livro “O Eucalipto – Um século no Brasil” (Antonio Bellini Editora & Cultura) é destacado que os eucaliptais brasileiros absorvem 196 bilhões de toneladas de carbono, contribuindo para minimizar as consequências do efeito estufa.
Outra vantagem ambiental, é que os plantios com objetivos comerciais, principalmente de espécies do gênero Eucalyptus ajudam a reduzir a utilização de florestas nativas como fonte de matéria prima, contribuindo indiretamente para a proteção das florestas nativas.
“Quanto maior for a disponibilidade de madeira plantada, menor será o avanço sobre a vegetação nativa”, destaca o professor Carlos Sette Júnior, professor de Tecnologia e Utilização de Produtos Florestais da Madeira, do curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Goiás (UFG) em entrevista ao Globo Ecologia.
Apesar de todos os benefícios apresentados, o reflorestamento com eucalipto também possui desvantagens.
Desvantagens do Reflorestamento de Eucalipto
O reflorestamento de eucalipto possui diversas desvantagens e está envolvido em algumas polêmicas como o famigerado “deserto verde”.
A polêmica principal do reflorestamento com eucalipto é a redução da biodiversidade local. As florestas comerciais dessa espécie são plantadas em grandes áreas somente com eucalipto. Como não produzem frutos e poucas espécies nativas conseguem crescer, afastam completamente os animais pois não encontra alimento nessas áreas. Por isso o apelido é “deserto verde”.
“Essas florestas de plantas exóticas não são utilizadas pela nossa fauna da mesma maneira que as florestas nativas. Nelas, a diversidade é muito baixa, em nada se comparando com a biodiversidade presente no Cerrado e na Mata Atlântica”, diz Geraldo Wilson Fernandes, professor de ecologia da UFMG em entrevista à revista Superinteressante.
Outro ponto negativo em relação ao reflorestamento de eucalipto são as polêmicas em torno da monocultura. Ela acarreta problemas relacionados a doenças generalizadas, pois se uma praga for capaz de atacar uma planta em uma monocultura, ela estará cercada por outras plantas vulneráveis, o que pode rapidamente levar a uma explosão populacional.
Esse problema é ainda maior com o eucalipto, que é vulnerável a doenças como tombamento de mudas, mofo cinzento, oídio; podridão da raiz, podridão de estacas, cancro do eucalipto, ferrugem, manchas foliares, seca de ponteiros, de acordo com a EMBRAPA. O que não acontece com uma madeira mais nobre, como é o caso do mogno africano, que possui mais resistência às pragas.
Por conta do ataque das pragas, o eucalipto necessita de tratamento químico para aumentar a sua vida útil em usos externos. São tratamentos à base de Cobre, Cromo, Arsênio, Ácido Bórico, Dicromato de Potássio ou de Sódio entre outras substâncias que prolongam o uso em até 15 anos. Esse é outro ponto negativo do eucalipto, uma vez que gera gastos financeiros e de tempo para o produtor. Caso não seja feito o tratamento, a madeira tem uma vida útil de no máximo 4 anos.
O plantio do eucalipto está relacionado ao alto consumo de água. “Quando ele é plantado até a beira de um rio, por exemplo, temos como prejuízo o rebaixamento do lençol freático do curso d’água”, afirma Sybelle Barreira, coordenadora do curso de Engenharia Florestal da UFG em entrevista ao Globo Ecologia.
Daniela Meirelles Dias de Carvalho, geógrafa e técnica da Fase, organização não-governamental que atua na área sócio-ambiental, complementa Sybelle dizendo que no norte do estado do Espírito Santo já secaram mais de 130 córregos depois que o eucalipto foi introduzido na região.
Outra desvantagem do reflorestamento de eucaliptos se deve ao fato de as terras utilizadas para o cultivo de monoculturas em larga escala não atingirem um grande contingente de mão-de-obra humana. Grande parte dos plantios são altamente mecanizadas, e quando há o emprego de mão-de-obra não é devidamente remunerado.
Além disso, muito pouco é comentado sobre as substâncias químicas que resultam da decomposição das folhas. Essas substâncias acabam modificando o ambiente, impedindo que a floresta nativa se recupere, segundo Geraldo Wilson Fernandes, professor de ecologia da UFMG.
Rentabilidade do Eucalipto
A popularidade do eucalipto também é uma desvantagem, pois isso faz com que sua rentabilidade não seja tão atrativa no mercado. Por ela ser um dos cultivos mais escolhidos, sua produção é grande e os valores para venda não são muito interessantes como o do mogno africano, que ainda é pouco produzido, comparado com o eucalipto, e tem uma grande demanda no mercado interno e externo.
O valor do metro cúbico do mogno africano em pé pode chegar até € 600,00 para cada metro cúbico, sendo que a partir do 17º já é possível fazer o corte raso, enquanto o eucalipto chega a R$ 77,50 m³ nos primeiros 6 anos, variando de acordo com a região do país. Em relação a rentabilidade, o Mogno Africano é uma boa alternativa de investimento como aposentadoria verde.
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